Chamaram-me ovelha negra Por não aceitar a regra De ser coisa, em vez de ser Rasguei o manto do mito E pedi mais infinito Na urgência de viver Caminhei vales e rios Passei fomes, passei frios Bebi água dos meus olhos Comi raízes de dor Doeu-me o corpo de amor Em leitos feitos de escolhos Cansei as mãos e os braços Em negativos abraços De que a alma, foi ausente Do sangue das minhas veias Ofereci taças bem cheias Á sede de toda a gente Arranquei com os meus dedos Migalhas de grãos, segredos Da terra, escassa de pão E foi por mim que viveu A alma que Deus me deu Num corpo feito razão