Quando viaja a voz, que sem a boca sabe calar a palavra Quando já não encontra o momento que a necessita, Nem o lugar que a quer? E a boca sabe morrer? Tornei-me mudo porque você nada me fala As palavras que deixamos escapar, onde estarão? Se respirar, vai se contaminar Se pensar, vai ter angústia Se duvidar, vai ter loucura Se sentir, vai ter solidão Se perguntar, vai ter medo E quando pensava ter todas as respostas, mudaram as perguntas O medo do silêncio atordoa as ruas O medo do silêncio atordoa as ruas O medo do silêncio atordoa as ruas E as vozes sem boca me obrigam a escutar o que dizem em meu nome Tornei-me cego, você não me olha Tornei-me esquecido porque você não me recorda Não lembra mais! Rumo ao porto ou ao naufrágio, que nos espera esta noite Não lembra mais! Apenas em quanto pode ser desbotado o vermelho de nosso sangue E quanto rouco e silencioso pode ser o nosso grito?