Eu desapeguei das velhas letras mortas Ensanguentadas de palavras póstumas Aproximei o verbo da pessoa e a pessoa da conclusão Eu aprofundei no linguajar esdrúxulo Eu caduquei vocabulário luxo Evitei aurora, alvorecer, outrora e coração Eu tirei a pompa e falei da gente Eu banquei a tonta e fui indecente Eu não faço uso de flora ou quimera Porque meu canto é pra uma galera Que se distrai quando a frase é oca e a boca é de refrão É... aqui não tem um pingo de veneta É... aqui se fala de tudo que é treta Eu não faço uso de flora ou quimera Porque meu canto é pra uma galera Que não engole frase oca e fica louca quando Marca touca de não perceber que a boca é de refrão Mas eu também posso ser muito eloquente E adicionar deselegantemente Minh'alma, amiúde, alhures, igarapés, desilusão Veja, não é que seja a única proposta Mas eu escrevo com os pés nas costas Pra que me entendam com o cérebro na mão