Se é inverno, Morena, nesse pago santo, A Geada, com seu manto, cobre o pastiçal A manhã debruça no campo tordilho Faz lembrar o brilho de um cartão postal Quando chega agosto, cara de vingança, e o Minuano lança folhas pelo ar Me abrigo no rancho e teu colo moreno faz o frio ameno no calor de um lar Mas se é Primavera se renova a luta E esta lida bruta ganha outro sabor A vida se banha nas águas do açude e o amor dos rudes vem nascer na flor Morena quando essa pampa já não ouvir meu cantar, beirando o rio é onde eu quero morar E, quando o sol de setembro tocar minha alma de piá, vou renascer no canto de um sabiá E lá vem o Setembro na curva da estrada e a nova florada vem rasgando o chão, a flor da amoreira quer que a vida adoce e um sabiá precoce fala de verão Quando o Sol nascente mostra sua figura na simples moldura tosca de um portal a pampa se enfeita pra uma nova etapa neste fim de mapa, meu torrão natal. O beijo da amada, o gosto da pitanga, o olhar da sanga mostra o céu azul. O gado da cria e o rebanho expande no grande Rio Grande que só tem no sul Morena quando essa pampa já não ouvir meu cantar, beirando o rio é onde eu quero morar E, quando o sol de setembro tocar minha alma de piá, vou renascer no canto de um sabiá Morena quando essa pampa já não ouvir meu cantar, beirando o rio é onde eu quero morar E, quando o sol de setembro tocar minha alma de piá, vou renascer no canto de um sabiá Vou renascer no canto de um sabiá