Um dia desses Rosaflor olhava um sonho Na sanga clara junto à sombra do arvoredo Guardava um beijo pra entregar, quando voltasse E uma palavra, que ainda pouco era um segredo. Mariano Luna no galpão cevava um mate Cuidando um baio que escarceava num bocal Foi quando a tarde então pintou-se de outono Era sua linda que apontava no portal. Rosaflor chegou de manso, como chegam Notícias boas, brisa, sol e um novo dia E então contou das tantas luas que viriam Até que o rancho ia encher-se de alegria. Mariano Luna nem cabia em si o sorriso Tomou um mate e mais outro sem notar Passou a mão sobre o ventre de sua prenda E viu que o tempo tinha esperas pra entregar. Toda alegria resumiu-se num abraço E num silêncio igual à calma do rincão Que se ouviu um canto claro de um barreiro Montando o rancho na janela do galpão. Foi um cantar de anunciação ele sabia Casal que erguia um rancho na querência Era o destino que entregava a luz da lua Pra junto à flor deixar raiz e descendência. E Rosaflor falou da casa e das bonecas Das coisas boas que essa vida ia lhes dar Mariano Luna já pensou num rancho novo E de amansar um peticinho pra o piá. Agora era só o tempo dessas luas Que sabem bem o ciclo certo das esperas Trazer a vida num sorriso de um piá Ou de outra flor que chegará com a primavera. Mariano Luna nem cabia em si o sorriso Tomou um mate e mais outro sem notar Passou a mão sobre o ventre de sua prenda E viu que o tempo tinha esperas pra entregar. Toda alegria resumiu-se num abraço E num silêncio igual à calma do rincão Que se ouviu um canto claro de um barreiro Montando o rancho na janela do galpão. Um dia desses Rosaflor olhava um sonho.