Aqui me ponho a cantar no compasso da guitarra Que o índio que se desgarra nunca mais pode parar Viver é contrapontear na tristeza onde se atola Sem jamais pedir esmola, nem carinho, nem perdão Pois abrindo o coração é que o guasca se consola ♪ De a donde venho, respondo: Sou da pampa e do varzedo Guri criado sem medo de cobra ou de marimbondo Eu sei que o mundo é redondo no seu arrodear sem fim Índio pobre, e mesmo assim, me alimento com meu canto Tantos são donos de tanto, ninguém é dono de mim Talvez por ser prisioneiro das ânsias e rebeldias De andar as noites e os dias rondando como um tropeiro Talvez por ser prisioneiro criado sem protocolo Desde que mamei no colo da mama bugra campeira Trago a alma prisioneira das cosa que vêm do solo Enquanto houver um paisano que ponteie uma guitarra Enquanto houver uma garra no lombo d'um orelhano Enquanto houver um pampeano guardando o sagrado estilo Eu hei de seguir tranquilo sem galopear, não me apuro Porque quanto mais escuro mais claro é o canto do grilo ♪ E quando eu me for, indiada, não quero mágoa nem choro Não vai fazer falta um touro há tantos nesta invernada Um Deus te salve e mais nada quando souberem morreu Já podem saber que eu que esbanjei tantos carinhos Ando a campear nos caminhos o que eu quis ser e não deu Ando a campear nos caminhos o que eu quis ser e não deu Ando a campear nos caminhos o que eu quis ser e não deu