A de oito baixo roncava e o candeeiro estremecia Nem o tinhoso sabia do beleléu que se armava A cordeona resmungava e parou de supetão Quando levei um carão da china que negaceava (virgem) Levantou cinza com poeira quando cortei a cordeona Bem pelo meio a chorona ao correr da carneadeira Parou de repente a zoeira, ficou só o ar fumacento E o meu arrependimento pra durar a vida inteira Cortar uma gaita em duas só por capricho, um pecado O velho órgão sagrado das nossas missas charruas Quantas pragas de xiruas com desaforos malucos E relampear de trabucos, tinir de adagas e puas ♪ Pra descrever o brinquedo isso não é bem assim No bárbaro retintim onde não vale segredo Ali o índio que tem medo nem que não queira se entangue Sentindo cheiro de sangue e o choro do chinaredo O que não viu ficou vendo o resultado do talho Como quem corta um baralho num jogo em que está perdendo Foi como um chiado fervendo num olheiro de formiga Quem não tem nada com a briga peleia se defendendo O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco Num medonho solavanco perdeu o pé a bugra Raimunda Larguei um pardo cacunda e outro meio lonanco ♪ Senti na testa um chispaço que pegou de refilão Um estouro de facão quase me troncheia um braço Mas alarguei meu espaço de costas contra a parede Um pardo veio com sede lo desguampei de um planaço Depois de tudo acabado isso foi lá pelas tantas Lombos cortados, gargantas e bugre descadeirado Sangue fresco misturado com gordura de candeeiro Mas saiu limpo o gaiteiro, o tocador é sagrado O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco ♪ Quando veio o comissário pra resolver os assunto Pra encomendar os defunto veio também o vigário Ainda hoje o vizindário quando lembra se arrepia Nunca mais desde esse dia festejei aniversário E a china? Não sei da china, pra onde foi nem donde veio Lambe sal nalgum rodeio da pampa continentina Cortando talvez a crina nas minguantes de setembro Por castigo ainda me lembro daquela maula brasina O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco O gaiteiro atrás dum banco benzido à moda gaúcha Contra bala de garrucha e folha de ferro branco