Não sei, não sabe ninguém Porque canto o fado neste tom magoado De dor e de pranto E neste tormento todo o sofrimento Eu sinto que a alma cá dentro se acalma Nos versos que canto Foi Deus que deu luz aos olhos Perfumou as rosas, deu ouro ao sol E prata ao luar Foi Deus que me pôs no peito Um rosário de penas que vou desfiando E choro a cantar Se canto, não sei o que canto Misto de ventura, saudade, ternura E talvez amor Mas sei que cantando Sinto o mesmo quanto se tem um desgosto E o pranto no rosto nos deixa melhor Foi Deus que deu voz ao vento Luz ao firmamento e deu o azul Às ondas do mar Foi Deus que me pôs no peito Um rosário de penas que vou desfiando E choro a cantar E pôs a estrelas no... ♪ E pôs a estrelas no céu E fez o espaço sem fim Deu luto às andorinhas Ai, e deu-me esta voz a mim Fez poeta o rouxinol Pôs no campo o alecrim Deu as flores à primavera Ai, e deu-me esta voz a mim A mim A mim A mim Ah, ah...