Na primeira manhã que te perdi Acordei mais cansado que sozinho Como um conde falando aos passarinhos Como um bumba-meu-boi sem capitão E gemi como geme o arvoredo Como a brisa descendo das colinas Como quem perde o prumo e desatina Como um boi no meio da multidão Na segunda manhã que te perdi Era tarde demais pra ser sozinho Cruzei ruas, estradas e caminhos Como um carro correndo em contra-mão Pelo canto da boca num sussurro Fiz um canto demente, absurdo O lamento noturno dos viúvos Como um gato gemendo no porão Solidão Adeus, adeus Eu já vou me embora Levo um beijo na bagagem Embrulhado pra outra hora Se alguém sentir saudade e marejar O peito chora Hoje o mar pede passagem Já vou indo Eu vou me embora Adeus, adeus Adeus, adeus Adeus, adeus