Esta vaneira tem um cheiro de galpão Que reacende o meu olfato de guri É pau-de-fogo da memória dos fogões Essência bugra que me trouxe até aqui Esta vaneira tem um cheiro chimarrão De seiva xucra, derramada no braseiro Quando a fumaça do angico se mistura Com um odor de figueirilha no palheiro (Quando a fumaça do angico se mistura) (Com um odor de figueirilha no palheiro) Esta vaneira tem um quê de quero mais Que reativa um paladar que já foi meu Relembra a rapa da panela que furou E no cantinho da memória se perdeu Esta vaneira tem sabor de araçá Jabuticaba, guabiroba, ariticum Por isso lembro o tempo bueno de piá Enlambuzado de pitanga e guabiju (Por isso lembro o tempo bueno de piá) (Enlambuzado de pitanga e guabiju) Esta vaneira tem um dom de reviver Fazer as cores que o tempo desbotou Sentir as formas que o tato esqueceu E ser de novo o que eu fui e já não sou Esta vaneira tem um quê de nostalgia Que traz de volta o romantismo do cantor Revigorando um coração que endureceu Que não queria mais ouvir falar de amor (Revigorando um coração que endureceu) (E não queria mais ouvir falar de amor)