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Os Mateadores - Do Fundo da Grota / Cantador de Campanha / Criado Tipo Bicho / O Rio Grande Me Criou - Ao Vivo lyrics

Artist: Os Mateadores

album: Os Mateadores 25 Anos Ao Vivo


Fui criado na campanha
Em rancho de barro e capim
Por isso é que eu canto assim
Pra relembrar meu passado
Eu me criei arremendado
Dormindo pelos galpão
Perto de um fogo de chão
Com os cabelo enfumaçado
Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clarear o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrevaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empulerada
Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijar perto de casa
Pra inticar com a cachorrada

Numa cama de pelego
Me acordo de madrugada
Escuto uma mão pelada
Acoando no banhadal
Eu me criei xucro e bagual
Honrando o sistema antigo
Comendo feijão mexido
Com pouca graxa e sem sal
Quando rompe a estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clarear o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrevaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empulerada
Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijar perto de casa
Pra inticar com a guaipecada

Tô formando um alambrado
Na beira de um corredor
No cabo de um socador
Quas mão rodeada de calo
No meu mango eu dou de estalo
E sigo a minha campeirada
E uma perdiz ressabiada
Voa e me espanta o cavalo
Quando rompe e estrela D'alva
Aquento a chaleira
Já quase no clarear o dia
Meu pingo de arreio
Relincha na estrevaria
Enquanto uma saracura
Vai cantando empulerada
Escuto o grito do sorro
E lá no piquete
Relincha o potro tordilho
Na boca da noite
Me aparece um zorrilho
Vem mijar perto de casa
Pra inticar com a cachorrada

Meu trabalho é de peão campeiro
Conforme diz meus documentos
Sigo sem afrouxar nenhum tento
De campanha, crioulo e fronteiro
Mas eu trago outro ofício no mundo
Que esses fundos já sabem qual é
Cantar baile nos ranchos de campo
Bom Retiro, Azevedo e Sodré
Bendição que eu carrego comigo
Ser um peão cantador de campanha
Com o gaiteiro eu me entendo por sanha
Pra pobreza eu até já nem ligo
Me chamaram pra sábado agora
Cantar um baile na costa do Areal
Eu não tenho no bolso um Real
Mas eu sou o cantador dessa gente de fora
Chão batido de saibro vermelho
Meia água de quatro por cinco
Vou mirando os buracos do zinco
E cantando ao clarão do cruzeiro

Violeiro mandando laçassos de dedos
Um ronco de gaita, chinelo a bailar
Tinindo pandeiro apeei do cavalo
Troteando no embalo de quem quer dançar
Cheguei bem louco, guaiaca recheada
Virar madrugada é minha vocação
Vou me espalhando no meio da sala
Com a china mais linda lá do meu rincão
Pra já começo o namoro no bailado da vanera
Aquela noite grongueira mel de amor no coração
Num canto velho um lampião dando brilho pra beleza
E a vanera da certeza, tem casório no galpão
Pra já já começo o namoro no bailado da vanera
Aquela noite grongueira mel de amor no coração
Num canto velho um lampião dando brilho pra beleza
E a vanera da certeza, tem casório no galpão
Fui criado tipo bicho
Grudado igual carrapicho em china, canha e vanera
Sou de lombo de cavalo
Sou cuiudo e não me calo pra borracho bagaceira
Mas se a china dá carinho, de xucro fico mansinho
Já carrego pro meu rancho
Nos meus braços eu engancho e não vou dormir sozinho
Fui criado tipo bicho
Grudado igual carrapicho em china, canha e vanera
Sou de lombo de cavalo
Sou cuiudo e não me calo pra borracho bagaceira
Mas se a china dá carinho, de xucro fico mansinho
Já carrego pro meu rancho
Nos meus braços eu engancho e não vou dormir sozinho

Templada a cinza e a fumaça nos fogões de acampamento
Quebrava queixo de potro e um chapéu de contra o vento
Enraizado no pasto dali eu tiro o sustento
O canto me deu a alma razão vida e sentimento
O Rio Grande me criou é o meu mundo é meu destino
Por isso razões me sobram pra o meu viver campesino
Sobre o lombo de um cavalo de menino me criei
Coração sempre campeiro desse jeito morrerei

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