Nas horas largas dos meus mates de saudade Quando a cidade já acende seus luzeiros Vou relembrando na tristeza que me invade Os fins de tardes nos meus tempos de campeiro Cantava junto com os ferreiros no pomar Só pra quebrar a quietude da campanha E agora tendo tanta gente ao meu redor É bem maior a solidão que me acompanha ♪ Goteja prantos lá no céu sobre esses ranchos Quando um carancho como eu, foge do ninho E sorve mates nesta busca de si mesmo Ou vaga a esmo na procura de carinho Cantava junto com os ferreiros no pomar Só pra quebrar a quietude da campanha E agora tendo tanta gente ao meu redor É bem maior a solidão que me acompanha ♪ Às vezes boto minha roupa endomingada Nas madrugadas dos bailões de chão adentro Seguro as ânsias de voltar pro velho pago E tomo uns tragos prá esquecer o desalento Cantava junto com os ferreiros no pomar Só pra quebrar a quietude da campanha E agora tendo tanta gente ao meu redor É bem maior a solidão que me acompanha ♪ Componho o mate e aproveito a mesma erva Que ainda conserva um gostinho lá de fora Um dia destes pego os cobres de reserva Boleio a perna em algum trem e vou-me embora Cantava junto com os ferreiros no pomar Só pra quebrar a quietude da campanha E agora tendo tanta gente ao meu redor É bem maior a solidão que me acompanha