De acordo com meu sistema Sem gritaria ou fuzarca Encilhei o mouro negro Que ganhei batendo carta Foi o cavalo mais lindo Que carregou minha marca Parecia um monumento No seu vulto bem-talhado Pelo de Brasil escuro Puxando pro azulado Ancas de aparas mulatas Nas janelas dos sobrados ♪ Upa-upa, dê-lhe pata Que eu nasci sobre os pelegos E morro levando junto Recuerdos do mouro negro ♪ Quem é domador conhece O que é flor e o que é veneno Não é crime nem ofensa Se o bicho não der dos buenos Mas este flete eu lhes digo Mal pisoteava o sereno Num retoco em cancha rasa Foi o meu pingo mais louvado E desconheço outro igual Pra cruzar um rio a nado Sempre com o mesmo balanço Em chão parelho ou quebrado ♪ Upa-upa, dê-lhe pata Que eu nasci sobre os pelegos E morro levando junto Recuerdos do mouro negro ♪ Nos rincões continentinos Da querência guarani Campeando paixões perdidas Andejamos por aí Era a estampa do centauro Dos meus tempos de guri Como disse o Juca Ruivo Índio campeão, num poema Quando eu volver pra minha terra Que eu deixei sem dar um buenas Quero voltear meu cavalo Só retumbando as chilenas ♪ Upa-upa, dê-lhe pata Que eu nasci sobre os pelegos E morro levando junto Recuerdos do mouro negro