Num fim de tarde eu chegava do campo Dei uns grito: - cadê a marcolina; Revirei por tudo que foi canto Mas já vi de pronto, fugiu a minha china. Fiz uns versos pra mandar pra rádia De nervoso eu nem pude cantar Nem sei mesmo se tava rimado, Mas era um recado pra nega voltar (Com tanta coisa pra fazer em casa e Essa nega nojenta passiando) Que não fosse minha nega eu te disse Que te trouxe pra ficar aqui Tu bem sabe que o rancho foi feito Com todo respeito prás cria e pra ti. Se soubesse daqui o que se passa, Tu não tinha fugido, sua tonta Teu cachorro, teu guacho e teu gato Se foram pro mato, tá tudo por conta (Dos teus bichinhos de estimação, tá só eu por dentro do rancho) Vou dar uma dica da minha marcolina É bem magra e alta tem um bom perfil. Umas duzentas gramas de beiço, E o cabelo parece um bom bril. Pois pra mim até nem quero que vorte Mas prás crias tu tem que vorta, Que o juvência, o bastião e o jovino Já estão bem magrinho de tanto chorar (Choram pior que guacho, De saudade da mãe e ela quem sabe adonde por aí) Ela ouviu os meus versos na rádio E uma tarde que eu não esperava Desceu da linha uma china galã De sarto e raibã, marcolina vortava. Vai entrando que a porta tá aberta Quanta cousa tá aqui te esperando Uma festa pra ti e as crianças E depois uma dança na tala do mango. (Tu vai me conta onde tu tava, minha neguinha) Com carinho de mango eu te ajeito Tu vai ter que ficar mais uns dia Se não ensaca teus trapos na mala Te tapo de bala e te mando a lá cria A minha nega entendeu meu sufoco Jurou nunca mas me deixa sozinho Cai a noite e a nega vira em chama Me incendeia a cama de tanto carinho (E a nega me tapa de mimo, E amanhecemo em claro e ela me ensinando Cosa nova que aprendeu pela cidade, Até umas posição diferente, Um ré maior pra minha gaita veia Queria pega esse medonho que ensinou Essas cosa boa pra minha nega, che)