(E atenção pessoal: Vamos marcar este xote bem direitinho Pra esquerda e pra direita, mas não fazer buraco no salão! Eu sou gaúcho e vivo solitário Percorro os pagos da minha fronteira Domando potro e quebrando de queixo Vou no perigo só por brincadeira Tenho um cavalo amigo de estrada Tenho um cachorro que é meu companheiro Mala de poncho e uma capa gaúcha Um bom revólver para os entreveros (É verdade amigo, é verdade porque um gaúcho prevenido vale por dois E o meu revólver é Taurus, feito lá no Rio Grande Sou capaz de colocar quarenta balas num buraco só) Chego numa estância peço uma pousada Levanto cedo e tomo chimarrão Vou pra mangueira ajudar na lida Cantando verso pros outros peão Daqui a pouco levanta o estancieiro Eu digo sou domador de potro E se tem dono eu já acerto o preço Apeio dum e vou montando noutro (Nunca encontrei cavalo que me botasse no chão Isto corto de espora da viria até o queixo Se roda, saio abro a perna e saio com rédea na mão Piso na oreia, meto o bico da bota na testa dele E digo levanta, levanta porque eu quero montar de novo Depois que cumpro o trato que fiz Munto em meu pingo e saio galopando Vou procurar serviço noutra estância Eu vim no mundo pra viver andando Se alguma china chorar por mim Eu digo a ela que não chore, não Não acredito que alguma mulher Possa laçar este meu coração (Isto que não laça, não laça mesmo Gosto de mulher uma barbaridade Mas não me prendo por rabo de saia De jeito nenhum, eh gaúcho largado) Como é bonito viver neste mundo De pago em pago longe da vaidade Eu sou gaúcho do sistema antigo Tô sempre firme com a legalidade Tenho dinheiro em todos os bancos Sem ter alguém que eu possa dar Isto é prêmio e para alguma china Que um dia possa me pialar (Atenção regional da Chantecler, atenção Miranda Vamo rematar pra que este xote não ficar mais comprido Do que suspiro em velório)