Meu povo anda triste De cabeça baixa Acompanhando a marcha Dos pés Que sequer tocam o chão E fingem se importar Com o que o povo passa Nessa procissão Meu povo anda surdo Ouve só o zunido Das palavras de ordem Que saem Com a força da mão O discurso ecoa E os gritos de socorro Ninguém ouve, não Meu povo anda só, meu pai Olha essa gente toda Tanto barulho a toa E o que eles dizem é em vão Meu povo anda só, irmão Vai e toma teu posto Só não me dê o desgosto De ser quem lava as mãos Se fecham os olhos pra não ver o povo sério Brincar de pata cega E a prenda paga somos nós Se fecham as bocas pra não enfiar palavras Malditas, necessárias Pra calar a nossa voz Não estamos todos de luto? Pela que se diz amada Pelo filho revoluto E pela filha desalmada Me perguntam se ainda luto Pela pátria mãe Afundada Nesse escarcéu Acreditam ser impoluto O individuo da cara pintada Que carrega essa bandeira hasteada Pelo céu Se esconde e cobre a cara de vocês Debaixo desse véu Ai! Ai ai... E pintam a cara de vocês Com seis traços de pincel Ai! Ai ai... Enquanto as crianças brincam Com o que restou do céu