Oliveira despertou num quarto vagabundo em Paris E percebeu à meia-luz do abajur que a sua vida já não era a mesma Acendeu alguns cigarros procurando um pouco de atenção Apenas Maga assim deitada com seu corpo esguio e sonolento Não é possível que isto esteja acontecendo aqui comigo agora Antes tão tarde do que nunca, amanhã do que anteontem Se é possível que isto esteja acontecendo aqui comigo agora Preciso acordar e atravessar este obstáculo invisível Oliveira logo preparou um mate para se animar Mas ficou triste ao lembrar de seu país, querida Buenos Aires Acendeu alguns cigarros para controlar a sua tensão A erva-mate está no fim, O Nescafé está no fim e tudo mais vai se acabar Não é possível que isto esteja acontecendo aqui comigo agora Tantas noites de jazz com vodca no Clube da Serpente Se perdendo feito um vagabundo pelas ruas de Paris Agora Maga, esta criança e tudo que eu sempre fugi Oliveira logo constatou que deveria regressar Para a Argentina retornar um velho amigo, reencontrar-se a si mesmo Acendeu alguns cigarros para controlar a sensação De retornar à velha terra, sua América Latina Se é possível que isto esteja acontecendo aqui comigo agora Um livro pra reler e uma passagem de navio me farão bem E mesmo assim em Buenos Aires sei que talvez estarei feliz Mas talvez não pois do que sofro está na ponta do nariz