Quando o apito da fábrica de tecidos Vem ferir os meus ouvidos Eu me lembro de você Mas você anda Sem dúvidas bem zangada E está interessada Em fingir que não me vê Você que atende ao apito De uma chaminé de barro Porque não atende ao grito tão aflito da buzina Do meu carro Você no inverno Sem meias vai pro trabalho Não faz fé com agasalho Nem no frio você crê Você é mesmo Artigo que não se imita Quando a fábrica apita Faz reclame de você Você que atende ao apito De uma chaminé de barro Porque não atende ao grito tão aflito da buzina Do meu carro Sou do sereno poeta muito soturno Vou virar guarda noturno E você sabe porque Mas só não sabe Que enquanto você faz pano Faço junto de um piano esses versos pra você Nos meus olhos você vê Que eu sofro cruelmente Com ciúmes do gerente Impertinente que dá ordens À você