Kishore Kumar Hits

Each1 - A Subvalorização do Silêncio em Palavras lyrics

Artist: Each1

album: Limites


Quis ser melhor do que eu sou ao construir-me
Saber melhor onde eu estou e instruir-me
Mas a teoria ameaçou destruir-me
O negativismo começa a consumir-me
Quando penso só no que 'tá errado
Com a intenção de corrigir-me
Com raciocínios e metáforas, lógicas inventadas
Quando na verdade é inútil definir coisas tão abstractas
As emoções são autênticas, indefinidamente nítidas
Perderam milhões de detalhes cada vez que foram descritas
Nunca apresentam proporções exactas
Percorrem-nos o corpo, às vezes vertem-se pelas pálpebras
O meu maior erro foi pensar que eram todas mecânicas
Ou a consequência lógica de fórmulas químicas
Eu nunca acreditei em Deus mas sempre me iludi com palavras
Porque acreditei como um fanático noutras teorias
A certa altura estavam todas certas e erradas
São só frases, coisas que foram pensadas e que foram escritas
Passei noites a olhar para o céu a fingir que sabia onde estava
Contentado com qualquer resposta que me fosse dita
Mas só sabes quando vês
Quando ouves, quando tocas, quando sentes
Todas as outras és tu que acreditas
Habituamo-nos a julgar os outros pelos seus comportamentos
Como se as nossas escolhas fossem assim mais legítimas
Toda a gente precisa de sentir os pés assentes
E a consequência disso é ter de caminhar por entre as linhas
Instintivamente escolhemos as que 'tiverem vincadas
Dá-nos algum conforto saber que já foram seguidas
E é nesta fase que as pessoas se sentem mais integradas
Sempre que saírem, ficarão perdidas
Não entendes que o que se diz é diferente do que se sente?
Que as mesmas palavras cabem nos outros sentimentos?
Que há uma distorção enorme entre os nossos argumentos?
Que nunca mais nos entendemos se falarmos na mesma língua?
Acordamos p'ra realidade com as peças já assentes
Sem fazer perguntas nenhumas, apenas seguindo as correntes
Obedecendo cegamente
Procurando um enquadramento com os outros
Que nunca se ajustará perfeitamente com o que somos
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada
A esperança está no silêncio na empatia e nos gestos
Na cumplicidade dos olhares como demonstração de afecto
Cada vez que se fala sinto que a intenção se perde
Como a informação se deforma sempre que alguém a repete
Vou numa direcção diferente sem saber se estou certo
Desapegando-me gradualmente do pensamento em excesso
Do sentimento que me prende às palavras que eu expresso
Deixando-me ir na corrente sem pensar ou não se regresso
Por mais que me explique a mim próprio
Mão me entendo, confesso
Não dá p'ra escolher um lado sem escolher também o inverso
Porque não somos todos iguais, nós somos tomos diferentes
E mudamos a cada momento como é que podemos ser coerentes?
Condenados a expressar-nos com palavras que nem escolhemos
Que evoluem mais lentamente
Do que o ritmo a que nós crescemos
Definimos coisas novas com as frases de há muito tempo
Literalmente, a escrita perpetua o pensamento
Eu não sou consistente, não me julgues
Quando exijo silêncio com as mesmas sílabas
Que te peço que não uses
Incoerente, limitado a este discurso
A única forma de ser específico é com argumentos confusos
Vou escrevendo e apagando, ciente destas escolhas
Sabendo que falar demais nem sempre é dizer mais coisas
Sabendo que são reais as sensações e a energia, tão grande
Que até a maior hipérbole a reduzia num instante
Lamento as minhas perdas mas estou grato por todas
Não me posso afastar de mim p'ra me aproximar das pessoas
Procurei compreensão no que via, no entanto
Ao fechar os olhos abri-os ao que era mais importante
Que é:
"Aquilo que sentes neste espaço que fica em branco
Aquilo que vês neste espaço que fica em branco
Aquilo que ouves neste espaço que fica em branco
Aquilo que tens quando o resto fica em branco"
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada
Eu digo mais sem dizer nada

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