Do esgoto para o topo, se a raça é do Porto Vais sentir o sangue a ferver O peso no corpo vem do olhar dos outros Mas olho gordo, não faz emagrecer E quando amanhecer O que vai aparecer? Sonhos só não pagam contas até ao dia d'os viver Sempre dei mais do que devia, tu nunca me viste em dívida Mas mendigar na via não mendigo, o que se passa já nem digo É tudo guito, o sonho é milionário p'ra quem vem do limbo Ensinam-te a vender luxo, um gajo aprende a vender lixo Sentes o risco? Não é coca, é diário motherfucker Por isso qualquer roupa nova é cenário O que é que eu tive? O que ainda tenho? E o que sobrou? Nada Então já nada é dado porque sorte não tem rodado E quanto vale esse teu fundo? Comigo já nem água bebem só querem saber se eu sumo Dia a dia é uma guerra p'ra ser o melhor em tudo Eu continuo a fazer merda até ser o melhor entulho Com a atitude de um pulha, raça é filha da puta A minha cara é a minha capa a minha culpa Escrita é barra a minha letra é a minha cunha A mente é rara se a verdade 'tá na rua Do esgoto para o topo, se a raça é do Porto Vais sentir o sangue a ferver O peso no corpo vem do olhar dos outros Mas olho gordo, não faz emagrecer E quando amanhecer (E quando amanhecer) O que vai aparecer? (O que vai aparecer?) Sonhos só não pagam contas até ao dia d'os viver Eles fazem tráfego no tráfico, fico tático e básico O pátio vira clássico o prático enigmático Articulo como elástico neste mundo silábico Trágico para quem se guia por esse lado errático Há quem agarre borboletas para lhes tirar as asas Em caças usam a luz para poder matar as traças Em casa não têm luz p'ra não verem a desgraça Sorriso que não reluz por isso não têm graça Olha a zona na TV tiraram o A e o E O que escrevo na horizontal mantém a torre de pé Tem prenda na chaminé um álbum de recordações Ações de quem pintou sem nada e nada em aflições Aqui é cara ou coroa ninguém sua por metade Se na rua é cara a coronha isso não soa a verdade Sem idade p'ra quem sonha quando ocupa a realidade Ouvem os gritos da rua sem escutar a cidade Do esgoto para o topo, se a raça é do Porto Vais sentir o sangue a ferver O peso no corpo vem do olhar dos outros Mas olho gordo, não faz emagrecer E quando amanhecer (E quando amanhecer) O que vai aparecer? (O que vai aparecer?) Sonhos só não pagam contas até ao dia d'os viver Do esgoto para o topo, se a raça é do Porto Vais sentir o sangue a ferver O peso no corpo vem do olhar dos outros Mas olho gordo, não faz emagrecer E quando amanhecer (E quando amanhecer) O que vai aparecer? (O que vai aparecer?) Sonhos só não pagam contas até ao dia d'os viver