Ajeitei bem as chilenas Firmei no garrão da bota Risquei o chão da mangueira Pra mostrar o quanto corta Olhei pra os zóio do bicho Parecia um fogaréu E eu já via São Pedro Me abrindo as portas do céu O capataz da estância Me falou meio sem jeito Adelgaça mais um dia Pra pegar tino e respeito Mas gritei, forma cavalo Pois chegou a tua hora Hoje tu perde a cisma Abaixo de mango e espora ♪ Pulei pra riba sem medo Deste azedo e puava Por cima eu deitava o reio Por baixo a espora cortava Salto fora da mangueira Se jogou no alambrado Quebrou palanque e porteira Igual o capeta encilhado Levando tudo por diante Se mandando a campo fora Sentindo a tala do mango E o cutuco da espora Corcoveava se bandeando Querendo me dar um tombo Não vai me tirar de cima Nem que tu vire o lombo Meus apero são de respeito Tiro dum e boto noutro Minhas garras foram feitas Pra sovar lombo de potros E o que cai nas minhas mãos Se alinha a grito e açoiteira E depois me leva pra o rancho Nas noites de borracheira ♪ Lavado de suor e sangue O maula não se entregava Trazia o diabo no couro De tanto que corcoveava Pois puxava cada pulo De sacudir a encilha E as chilenas não davam trégua Da paleta inté as virilhas Corcoveou mais de uma légua Da estância até o chapadão Depois afrouxou o lombo Firmou os cascos no chão Pois voltou a trotezito Pedindo benção pra o reio Se negando nas macegas E acostumando com o arreio Meus apero são de respeito Tiro dum e boto noutro Minhas garras foram feitas Pra sovar lombo de potros E o que cai nas minhas mãos Se alinha a grito e açoiteira E depois me leva pra o rancho Nas noites de borracheira