Eu sei que a vida é um corte Num tempo maior Que cada sina de sorte É labuta, é suor E o nosso amor, que é tão forte É meu norte, é meu mote Prum gosto melhor Eu mergulhei no meu sonho Num céu de abril Não tinha risos medonhos Nem mãos de fuzil Vi o olhar das cidades sem grades, maldades Só gente gentil Sinais de vitalidade, de afeto e canção No tempo revisitar nossa avó Nossa voz Se tornando mais forte alcança hemisférios Preciso desses abraços pra ser mais veloz Transar o som mais de perto, e na luz Nas esperas do tempo que vem Sacudir as artérias de quem não dispersa Nos ombros as plumas, a terra calçar Certeza das brumas é não enxergar Que a vida é certeza, essa natureza Saber de horizontes, montanhas e paz Saber da coragem, da força capaz Voando espalhar oceanos e estrelas Eu quis deixar meu cansaço Num dia de abril Quando no céu desse abraço Tudo se partiu As correntes as cercas Que matam a terra Refém dessas guerras Então limpei meus sapatos da lama e do breu Vesti meu corpo com as águas que a terra perdeu Fui respirar a floresta e pintei minha testa Com a luz que escorreu Chegaram gentes e bichos Cirandas e pés Um madrigal se espalhou Tantos sons Tantas mãos, violões e saltérios, gargantas e versos Nosso desejo aflorou em raiz pelo chão Todo cansaço se foi E brotaram do solo e das nuvens ardentes Os frutos do céu e a memória da terra Nos ombros as plumas, a terra calçar Certeza das brumas é não enxergar Que a vida é certeza, essa natureza Saber de horizontes, montanhas e paz Saber da coragem, da força capaz Voando espalhar oceanos e estrelas