Barco furado não é submarino Borbulho, fugi da ilha A ponte quebra e tu se lança Num só tiro Exposto e frágil Ouve o ruído inaudível Em meio a tanto barulho e vai Do pó ao que pode ser milagre Por em obra, por a prova Máquinas não desligam Cegos com esperanças no colírio Do lixo ao quilate ao calibre O que te para? O que te faz tremer e desistir? Ressuscitar é um soco Ruir é o mínimo Tenho minha fé de volta Não levantarás do chão Da origem ao princípio Eu roía os dedos Porque unhas não bastam, não O sol nasceu ao meio-dia Ninguém mais enxerga, filma A maré se inclina sob a lua Mas há quem dome Raios e grandiosas ondas E a tempestade cobre o céu Como o suor cobre a testa De quem foge Mas e quem fica? O pouco fôlego de quem balbucia Inabalável mesmo ferido Vaiado Aplaudido Medite e não medique-se Perante a luz terrível Todo joelho dobra Toda alma agita-se Treme, desiste Isolado no próprio umbigo Netflix Codeína Santa erva maldita Troca a bússola pela âncora Quem atira sabe o risco Quem avista o desafio e trava Ou vive cansado Ou explode a têmpora O medo amarra e faz correr Coragem guerreiro, lembras Não és o último nem o primeiro Flechas contra mim arremessadas São impotentes Pois deságuo, fluo Tal calendário úmido Logo fóssil e logo é súbito Fulminante Converso com Deus todos os dias Eu sinto muito, sinto muito Ouso ser divino Divido e multiplico Salgo a lesma e a carne no domingo Fui pego no ato e tu dormindo Na semana leões no labirinto E se cada leão for eu mesmo? Ela finge o orgasmo e tu conta: Gozou três vezes Odeia o ex, pois não serves pra nada Portanto cala-te, percebes tua nítida fraqueza És menos que o cuspe do que nada vale Abaixo do nível do meio fio Máquina que pifa quando precisa Sonambulo em stand-by Não sabes o que e entrar em colapso Fruity loops, crackeado Drum kit, ímpar As mãos de Tiago sob o estrondo Abençoam cada sílaba, cada timbre Iluminam, emociona a Monalisa Pedrada na lente de contato Pano de fundo, chroma key Desatei os nós do carcere Me vi sobre pocas cristalinas Onde relampeja, mas o sol rega o que precisa Tantas bolas num fino quando tinha quinze Adolescência vingativa Como toda juventude é O rancor escurece os olhos Ressentimento os comprime Não mais me culpo Sem venda, cegueira Esmago os vermes na ferida Fogo brando, cauterizo Ouço o que ecoa da caverna E se cada leão for eu mesmo? Sucumbe a pedra mais antiga As cabeçadas na parede que não cede Nasci antes do mês previsto Jogo a moeda: Ansioso, mas no domínio Flerto com a corda bamba e vejo tu caindo Talvez precises de novos olhos