Lamento de gloria Tenho no peito um calor Aie E um calor no meu peito Quem nele se queimará Quando ela me deu riqueza Riqueza de não acabar Mobilia de luiz XV Pra minha bunda sentar Camisa de seda pura Blusa branca de cambraia Não há corpete que caiba Nem de cetim nem de seda Nem da mais fina cambraia O fogo que está queimando A solidão do meu peito Tenho sombrinha pro sol Dinheiro para esbanjar Compro na loja mais cara Mando na conta botar Tenho tudo que desejo E um fogo dentro do peito De que vale tanto ter Se o que desejo não tenho Me viram a cara as mulheres Os homens olham de longe Sou glória do coronel Manceba do fazendeiro Alvo lençol de linho E um fogo no meu peito Na solidão desse leito Meus peitos estão queimando Coxas de chamas Boca morrendo de sede aí Sou Glória do fazendeiro E tenho um fogo no peito E no lençol do seu leito Se deita com a solidão Meus olhos são de quebranto Os meus seios de alfazema Com calor dentro deles Como é meu ventre não conto Mas esse fogo que queima Nasce da brasa acendida Na solidão dessa lua Do doce ventre de glória O segredo dele não conto Nem de sua brasa acendida Ai um estudante quisera De bolso apenas nascido Dizera um brioso soldado De túnica bem militar Quiseram um amor quisera Parece fogo apagar Com a solidão acabar Empurrai a minha porta A tranca já retirei Não tem chave de fechar Vinde essa brasa apagar Nesse fogo vos queimar Trazei um pouco de amor Que eu muito tenho pra dar Vinde esse leito ocupar Tenho no peito um calor Aí um calor no meu peito Quem nele se queimará