A manhã se renova com os pés gelados O sol pesa sobre meus olhos dilatados A carne tão fraca cede ao peso da rotina Mais uma vez, eu cumpro minha sina Quero achar no caminho um retrato De dias leves desocupados pelo tormento Quando a chuva ainda caia fraca E minha pele não estava tão marcada Todas as tentativas de dar sentido À minha vida vazia dão errado Será que afinal existe um propósito Em querer me matar sempre que acordo? Que desperdício foi acordar Preferia continuar a sonhar Com a água inundando minha cabeça Me afogando pra nunca mais voltar Pela janela a chuva se reflete E posso olhar pro mundo com outras lentes Me reabsorvendo dentro do meu corpo Eu já não sei se posso ver com meus olhos