Via a vida em consciência fotográfica Não reflectia no que o meu reflexo dava O dia eram instantes e eram tantos que eu revelava Esquecia os negativos na imagem projectada Flash, só cegava, vivia nessa ilusão dada Deslizava dia-a-dia na leveza da manada O corpo flutuava a consciência alienada Caiu-me tudo, era miúdo Senti essa dor que ecoa Num segundo, caí no fundo Onde parti a proa No Ludo, não era aluno Antes entrei à força Sem escudo, no Testudo E com o ego apontado à boca E sem preparo esse peso caiu E sem reparo o meu ego ruiu Não pela carga que o atingiu e submergiu Mas por falta de uma rede na estrutura concluiu Ser positivo era só o que encarava O copo cheio mesmo sem sequer ter nada Chegou esse dia e esse céu enevoava Onde havia luz surgiu a sombra inesperada Onde cabia a alegria não fundada Restava a dúvida na mente abandonada Essa matéria já por si acinzentada Parda estava e a Serotonina ressacava Sessões em serões, serões em sessões Eu com questões eles com as medicações Saía sem resposta, esta alma tão disposta A formular hipóteses Que me abeiravam dessa encosta E a imagem passada mesmo sendo a oposta No fundo da nuca ela vivia contraposta Foram 6 meses em que não me conheci Não aceitava ser mais frágil para ti Procurava, pesquisava, em sequência somatizava Sem eloquência pensamentos que antes eram uma acendalha Que ateava e me iluminava, que ardia e me motivava Me movia e me fazia ter certeza na passada E de uma só assentada, como uma mortalha Me fechou nessa muralha Ser positivo era só o que encarava O copo cheio mesmo sem sequer ter nada Chegou esse dia e esse céu enevoava Onde havia luz surgiu a sombra inesperada Onde cabia a alegria não fundada Restava a dúvida na mente abandonada Essa matéria já por si acinzentada Parda estava e a Serotonina ressacava Demorou mas aprendi a receita Apreendi os meus receios e fiz deles a minha seita Não rejeita, olha e aceita Se há uma sombra, há uma luz que a projecta Bebi desse néctar, construí nesse hectare Centrei, escavei e não parei até o encontrar Um el-dorado doravante só para mim Uma Alexandria com estantes com cantos em que bati Fico bem disposto, ter tudo exposto As cicatrizes no peito, espreitam e brilham no rosto E esta colheita, ela é divina Há 28 anos a pisar nesta vindíma E no lagar o que é meu vem ao de cima Que nem tudo o que luz são diamantes nesta mina Há também carvão e escuridão em demasia Que uso como combustível como eu antes não fazia Ser positivo era só o que encarava O copo cheio mesmo sem sequer ter nada Chegou esse dia e esse céu enevoava Onde havia luz surgiu a sombra inesperada Onde cabia a alegria não fundada Restava a dúvida na mente abandonada Essa matéria já por si acinzentada Parda estava e a Serotonina ressacava