Não sou da paz quando dormes na rua Não sou da paz quando comes no chão Não sou da paz quando para aqueceres Fazes da cama caixas de cartão Não sou da paz quando alguém trabalha Horas a fio p'ra ganhar o pão Chega a casa de corpo vazio Pra dar aos filhos dedicação Resta lutar com tudo o que tenho Ir para a rua, escrever uma canção Paz haverá um dia mais tarde Quando o meu corpo repousar no caixão Não sou da paz quando o polícia bruto Bate na gente sem critério de ação Não sou da paz quando uma pele mais escura Torna mais leve o peso do bastão Não sou da paz quando os senhores da guerra Impunemente tomam a decisão De deixar claro que neste mundo de merda Uns tudo podem enquanto outros não Resta lutar com tudo o que tenho Ir para a rua, escrever uma canção Paz haverá um dia mais tarde Quando o meu corpo repousar no caixão Não sou da paz quando lanças o ódio Em cima de quem não ama como tu Não sou da paz quando não posso escolher O que fazer com o meu corpo nu Não sou da paz quando por ciúme Ou um delírio de possessão A alguém que em tempos te deu o amor Te vês no direito de levantar a mão Resta lutar com tudo o que tenho Ir para a rua, escrever uma canção Paz haverá um dia mais tarde Quando o meu corpo repousar no caixão Resta lutar com tudo o que tenho Ir para a rua, escrever uma canção Paz haverá um dia mais tarde Quando o meu corpo repousar no caixão Quando o meu corpo descansar no caixão Quando o meu corpo repousar no caixão ♪ Nascemos iguais, mas isso não vale de nada Se desde cedo somos atirados para trás da barricada Eu não sou da paz quando a paz é podre E o jogo está viciado sempre para o mesmo resultado Não posso ser da paz quando a paz nos amolece E quem oferece a outra face não merece um outro fado Longe está o dia em que o Sol brilhará para todos Falta empatia, indiferença há a rodos E eu quero-te certo, quero-nos perto Sem mais engodos, livres e gordos