Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei à Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?
Eu perguntei à Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
♪
Inté mesmo a asa-branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse: Adeus Rosinha
Guarda contigo, meu coração
Hoje longe, muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei viu, meu coração
E o cabôco voltou mermo
Quando ele soube que tava truvejando no sertão
Ah-ha! Que tava relampiano, ele disse: Vômbora!
Já juntei uns vintenzinho
Vou prantar minha rocinha
Ah-ha! Rosa tá me esperando
Cabôca sertaneja não faia no trato
Ah-ha! Oxi, ave Maria, num quero nem pensar
Cum tamanho da roça que eu vô butar, num vai fartar
Feijão lá em casa, arroz, batata, mio
Num vai fartar amor, nem mininu
E pra encurtar a viagem, ele cantou
Cantou a volta da asa-branca!
♪
Já faz três noites que pro norte relampeia
A asa-branca ouvindo o ronco trovejando
Já bateu asas e voltou pro meu sertão
Ai, ai eu vou me embora vou cuidar da prantação
♪
A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié séria, dos homes trabaiador
♪
Rios correndo, as cachoeira tão zoando
Terra moiada, mato verde, que riqueza
E a asa-branca, tarde canta, que beleza
Ah-ha é um povo alegre, mais alegre a natureza
♪
Sentindo a chuva, me arrescordo de Rosinha
A linda fror do meu sertão pernambucano
E se a safra não atrapaiá os meus prano
O que que hái, padre vigário, vou casar no fim do ano
E se a safra não atrapaiá meus pranos
Que que hái, Frei Damião
Vou casar na sua missão
Que é mais barato!
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