A mãe bugra missioneira É a história que me pariu Na barranca deste rio Numa taba de fronteira Escolhi minha bandeira E fiquei de sentinela Com o sangue a meia costela Desfraldando um estandarte E me tornei o baluarte Da pátria verde e amarela ♪ Os anos foram passado Fui domador e vaqueano Fui pastor e miliciano Cuidando a terra e peleando E, ao mesmo tempo, empurrando As linhas da geografia Foi sempre a filosofia Da história deste país A cor de viver feliz Que o gaúcho garantia ♪ Nunca fui mais e nem menos Nesta vida de patriadas Curtido por muitas geadas E amaciados de serenos Vendo grandes e pequenos Com o respeito frente a frente Porque nasci independente Desse pé fiz o meu santo E esparramei o meu canto Por todo este continente ♪ Por isso é que não me calo Dó que é meu ninguém se adona A guitarra e a cordeona Cadenciando o mesmo embalo Sobre o lombo do cavalo Dia e noite lança em riste O homem que canta triste Na pampa continentina A matriz me discrimina Mas sabe que a gente existe ♪ Monarca deste hemisfério Nunca gostei de tirano Até andei por longos anos Peleando contra o império E permaneço gaudério Todos sabem de onde vim Sou o princípio e o fim Dentro do meu próprio espaço Se arrancam este pedaço Não sobra nada sem mim ♪ E se tudo evoluiu Aqui no meu parapeito Sigo exigindo respeito À terra que me pariu Bebendo no mesmo rio Cantando a minha cantiga Não há de faltar quem diga Um dia quando eu me for Que conheceu um cantor Daqueles da marca antiga