Pegaram Adão Formiga Inda com a faca na mão O vermelho da sangria Escorrendo pelo chão Na bombacha remendada Limpava a faca de um lado Como querendo esconder O intento de ser culpado Quem diria Adão Formiga Vizinho de uns trinta anos Carneando um capão alheio Talvez fosse por engano Mais a marca no pelego De tinta, mostrava o dono E a noite apontava a pressa Pra um galho de cinamomo Toda a semana na estância Vai pra consumo um capão Escolhido por bem gordo Nos mandados do patrão Pois quem produz sabe bem Quanto lhe custa o serviço De cuidado e produção Pra alguém depois dar sumiço Porque não pediu uma changa? Pois trabalhar não é feio Escolheu por conta justa Apossar-se do alheio Quem sabe nas precisão Pedisse uns pila emprestado Mas esperou mais a noite Pra cruzar pelo alambrado ♪ Um sorro a sombra da noite Uma faca de bom corte Um carancho num cordeiro Inverno com geada forte Cada qual no seu destino No ciclo anormal do homem Uns matam só por famintos Uns pra matarem a fome E agora Adão Formiga Tem fama na redondeza Todos sabem de onde é a carne Que às vezes bota na mesa Pois quem carneia um capão Pra mata a fome do filho Mata quatro, cinco ou seis Depois não sai desse trilho Toda a semana na estância Vai pra consumo um capão Escolhido por bem gordo Nos mandados do patrão Pois quem produz sabe bem Quanto lhe custa o serviço De cuidado e produção Pra alguém depois dar sumiço Toda a semana na estância Vai pra consumo um capão Escolhido por bem gordo Nos mandados do patrão Pois quem produz sabe bem Quanto lhe custa o serviço De cuidado e produção Pra alguém depois dar sumiço Um sorro a sombra da noite Uma faca de bom corte Quem diria Adão Formiga Vizinho de uns 30 anos Pegaram Adão Formiga Inda com a faca na mão...