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Manuel Fúria - Blandina de Lyon lyrics

Artist: Manuel Fúria

album: Os Perdedores


Blandina de Lyon
2017, Cabo Delgado, Moçambique.
Centenas de mortos e mais de 200.000 deslocados.
Monges beneditinos escondidos na mata.
Depois da passagem dos terroristas do Daesh pela vila onde viviam,
As irmãs carmelitas ficaram sem palavras.
Há pessoas escondidas nas florestas, famílias inteiras em fuga.
Homens, mulheres, crianças abandonam tudo o que possuem.
Pessoas decapitadas, Igrejas incendiadas, casas, escolas,
Centros de Saúde em destroços.
Os jihadistas raptam mulheres, matam com crueldade todas as pessoas,
Semeiam o medo e a morte.
2019, Burkina Faso.
1 Padre foi morto durante a celebração
Da Missa, juntamente com 5 cristãos.
Noutra aldeia 1 Pastor protestante foi morto,
Juntamente com 4 dos seus fiéis.
2022, Domingo, 3 de Julho, Borasso, uma aldeia na Diocese de Nouma,
No Noroeste do Burkina Faso.
14 pessoas foram metralhadas
à porta da Igreja por terroristas islâmicos.
Logo a seguir, outras 20 no centro da mesma povoação.
No calendário o número 177
O Imperador Aurélio decretou
Perseguição, julgamento, execução
Com Apolo e os rapazes,
Ai do cristão
Na antiga Gália, em Lyon,
A atrocidade, a proporçom,
Atingiria a medida da irritação
Do pagão
Ai do cristão
Escorraçados das suas casas,
Dos banhos e das praças,
Assaltados, insultados, sacudidos, golpeados, apedrejados,
Pela multidão
Forçados a renunciar a fé,
Acusados de incesto,
Banquetes canibais
Irredutível a frágil Blandina,
Repetia estas palavras
Erguia estas palavras
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Blandina foi levada para arena
Toda aberta, em carne viva para arena
Blandina pendurada no madeiro
Ela rezava pendurada no madeiro
Os leões que lhe lançaram
Nem lhe tocaram
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Blandina foi levada outra vez
Açoitada na arena outra vez
Depois das feras na arena outra vez
Depois das chamas na arena outra vez
Atiraram-na a um toiro
Lançada ao alto pela besta
Foi colhida, sacrificada
Passou para o lado de lá
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Sou cristã, nada de mal é feito entre nós
Deus não me dá sossego. É meu aguilhão.
Morde meu calcanhar como serpente,
Faz-se verbo, carne, caco de vidro,
Pedra contra a qual sangra minha cabeça.
Eu não tenho descanso neste amor.
Eu não posso dormir sob a luz do seu olho que me fixa.
Quero de novo o ventre de minha mãe,
Sua mão espalmada contra o umbigo estufado,
Me escondendo de Deus.

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