Há um amor que não conheço Pois não se dá a conhecer Nunca se deita na minha cama Nunca se senta à minha mesa; Não sei sequer por onde anda Nem sei se um dia o irei ver Sopa dos pobres ao domingo Lago de patos sem jardim Pedra escondida no canteiro Voz sem abrigo junto ao muro; Terá saudades do futuro Ou as saudades são só de mim? Será que é uma pena que me coube? Será que é uma pena que me coube? Se o impossível já tem um rosto Se o amanhã já se perdeu Só sei que quero estar onde estou Feita manhã dum sol já posto; Feita poema sem alibi Que se faz forma no estar aqui Vai-se o mistério de um céu perfeito Vem a certeza, que mais além Alguém descansa neste meu peito Já se faz minha tua presença; Aqui se despem todas as crenças E ficas tu e mais ninguém