Eu moro na melhor vista do Rio de Janeiro Perto do céu longe do paraíso Na corda bamba entre a dor e o sorriso Qualquer esquina vende bala e proibido Se a bala come não tem baile de favela Se não tem baile como eu vou falar com ela Tia Jurema não dá mole na janela E acende a vela Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Eu peço a Deus que a bala desvie da gente Gente inocente Gente como a gente Que teve a coragem de querer ser mais Cresci ouvindo Caetano Que são todos pretos Ou quase pretos, ou quase brancos Tratados como pretos de tão pobres Por uma burguesia que se vê merecedora e nobre Ouvi um dia o morro não tem vez, nem voz Mas tem um cara que falou que tudo que nós tem é nós E se nós é tudo que nós tem O nosso nome é resistência Ninguém solta a mão de ninguém Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Pra ver se o Cristo abre os braços pra gente Pra abençoar Pra ver se a bala desvia da gente Só pra variar Só pra variar Essa eu quero dedicar pro Amarildo, pra Cláudia, pra Kethlen Pro menino Miguel Rapaziada que tem fé, continua sobrevivendo no meio dessa Babilônia É Tem café não, tem café não, pai Continue rezando e vivendo Bora celebrar a vida Olha lá, o moleque jogando bola feliz É assim que tem que ser