Seu ofício era a arte de cantar Catedrático nas aulas da natura Cinturinha de abelha era a cintura Das morenas nas noites de luar Afiou-se na pedra de amolar Mas a pedra da morte é afiada Ficou o barro batido da latada Sem as marcas dos pés do dançarino Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Bira e Fátima não param de gemer O serrote é agudo e está de prova Com o tempo secou cacimba nova Nunca mais o seu dono vai encher Quem botou Severina pra moer Foi moído na última caminhada E a limpeza da sala rebocada É a cara do povo nordestino Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Foi parceiro de Lua e gravou disco Suas músicas passeiam por aí Triste pássaro, carão do Cariri Que voou procurando o São Francisco Um vem-vem voejando tão arisco Quando achou Pernambuco, fez morada Outro mito pisou Serra Talhada E fez-se pó junto ao pó de Virgulino Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada Foi a vaca o motivo desse choro Sem querer nos causou tanta saudade Um poeta tem mais utilidade Do que carne de vaca, leite e couro Era filho de Prata e valeu ouro Criatura telúrica e inspirada Escreveu um poema pra estrada E sucumbiu nas estradas do destino Uma vaca matou Zé Marcolino E eu não dava José numa boiada