Cachorro latindo Chorando sem pai O tempo mentindo que o vento do norte não sabe soprar O mar se levanta Com tal desespero Que eu penso que a Terra não sente a cratera querendo lavar Levar a cabeça Pro fundo do mar E ver que essa areia de grãos tão pequenos é chão de um país Que foi que eu fiz? Pra não merecer Um beijo mais quente, que a boca do povo viria dizer Dizer que me amas Que és meu amor Mas onde procuro a cor desse olho, é denso negror É como o bafejo Da hidra de sal Dragões do meu sono, que rasgam anúncios na televisão Eu tenho meu espelho cristalino Que uma baiana me mandou de Maceió Ele tem uma luz que alumia Ao meio-dia reflete a luz do Sol Eu tenho um espelho cristalino Que uma baiana me mandou de Maceió Ele tem uma luz que alumia Ao meio-dia reflete a luz do Sol Eu nem sou boca, nem sou dente Nem sou dente, nem sou boca, nem sou menino, nem toca Nem sou cabelo, nem pente Nem sou mole, nem valente, nem sou dedo, nem de da Nem João, nem Valdemar, nem sou prata, nem sou ouro Sou a macaca de couro de cantor ruim apanhar Um espelho cristalino Meu espelho cristalino Um espelho cristalino, que uma baiana me mandou de Maceió