(Então, como é que eu comecei a costurar?) Da saia fiz o meu lenço Do pano que me sobrou (Então, é...) (A minha mãe costurava em casa) (Então eu cresci a ver isso) São bainhas do que penso (A minha relação com os trapos é uma coisa muito...) (É muito natural) São panos de quem eu sou (A minha mãe fazia-me roupa p'ra mim e p'ros meus irmãos) (Não comprávamos, não havia, não dava p'ra comprar) Este vento é de cambraia (Ainda hoje fazemos desfiles de roupa em casa) É de sal quando anoitece Eu fiz um lenço da saia (Esta coisa que a roupa tem de nos representar) (De mostrar) Para esconder o que entristece (Tenho sempre agulhas comigo) (Sempre linhas) Quem a despir vai ao fundo (Compro tecidos por qualquer lugar onde passo) Amor, sangue, saudade Esta saia é o meu mundo Não se pode amarrotar (Com texturas que dizem alguma coisa) É uma herança singela Que foi talhada à medida Quando a penduro à janela É a bandeira da vida Quando a penduro à janela É a bandeira da vida