É numa rua bizarra A casa da Mariquinhas Tem na sala uma guitarra Janelas com tabuinhas Tem na sala uma guitarra Janelas com tabuinhas Vive com muitas amigas Aquela de quem vos falo E não há maior regalo Que vida de raparigas É doida pelas cantigas Como no campo A cigarra se canta o fado A guitarra, de comovida até chora A casa alegre onde mora É numa rua bizarra A casa alegre onde mora É numa rua bizarra Para se tornar notada Usa coisas esquisitas Muitas rendas, muitas fitas Lenços de cor variada Pretendida e desejada Altiva como as rainhas Ri das muitas, coitadinhas Que a censuram rudemente Por verem cheia de gente A casa da Mariquinhas Por verem cheia de gente A casa da Mariquinhas É de aparência singela Mas muito mal mobilada Ai, no fundo, não vale nada O tudo da casa dela No fundo, não vale nada O tudo da casa dela No vão de cada janela Sobre coluna, uma jarra Colchas de chita com barra Quadros de gosto magano Em vez de ter um piano Tem na sala uma guitarra E em vez de ter um piano Tem na sala uma guitarra P'ra guardar o parco espólio Um cofre forte comprou E como o gás acabou Ilumina-se à petróleo Limpa as mobílias com óleo De amêndoa doce e mesquinhas Passam defronte às vizinhas P'ra ver o que lá se passa Mas ela tem por pirraça Janelas com tabuinhas Mas ela tem por pirraça Janelas com tabuinhas