É crime, é crasso, é o degelo É o monstro glaciar É torpe, é corte de cabelo E de árvore milenar É pouco, é tanto, é meio termo É chumbo por faltar É a rima pobre É o pintor da Yourcenar Eu sei Que o tempo aqui já só me traz refém E o que eu sou nem sei Mas sei Que a traça aguarda O que eu para aqui acumulei E o que tenho vai ganhar ferrugem É crise, é carne, é o desterro É tudo a apostatar É pau, é pedra, é o novo preto É o rock impopular É lei, é grei, é o cinzento É gado a remontar É o futuro antigo Tremor a ser vulgar Eu sei Que a vida é mera sombra do que vem E o que eu sei nem sou Mas sei Que a traça atraca-se Onde eu cria ser alguém E o que resta já se enferrujou Mais nada, eu herdo uma coroa Mais nada, herdo uma coroa Mais nada, e herdo uma coroa Mais nada, e herdo uma coroa Eu sei Que o tempo aqui já só me traz refém E o que eu sou nem sei Mas sei Que a traça aguarda O que eu pra aqui acumulei E o que tenho vai ganhar ferrugem