Sem querer Fiz do mar, a tempestade Fiz das ondas, a saudade E da noite, a solidão Sem querer Fiz do teu olhar um sonho Neste fado que componho Dedicado ao coração Por querer Desbravei a madrugada Rasguei caminhos de nada Esqueci-me da vida inteira Por querer Fiz d'um poema, o meu grito Desvendei o infinito Mas sempre à minha maneira Sem saber Percorri todos os mares Acreditei nos olhares Que a noite guarda lá fora Sem saber Abandonei a tristeza Sem perceber que a beleza Da alegria também chora Por saber Que o sonho é comum à vida Que se agasalha do frio E não se afasta do cais Por saber É que um dia Fosse por querer ou sem querer Fiz de conta não saber E não voltei nunca mais