Davi de Zacarino, violoncelo Que compacta comigo a direção musical ♪ E Amadeu Magalhães, multi-instrumentista Na guitarra braguesa, viola acústica Gaita de foles mirandesa Adufe, flauta medieval ♪ Cresceu nas pedras Falou sozinho com a voz do relento Soube do sabor da morte, da sorte e do vento Cresceu calado Dormiu sozinho na terra batida Marchou descalço no pó dos caminhos da vida Guardou os rebanhos Dos lobos à chuva e ao frio Suou tardes de terra Dura na ponta do estio Comeu do pão magro, da magra soldada Largou a enxada, largou o noivado Largou p'ra cidade mais perto Para um pão mais certo Malhou no ferro Abriu trincheiras, estradas, sonhou Andou no mato, perdeu a infância, matou
Marchou calado Dormiu sozinho na terra batida Caiu descalço no pó dos caminhos da vida E os lobos lá longe E as asas de abutres sem cara E o medo na tarde Na farda, no corpo, na arma Soldado da morte No mato no norte Na sorte do vento No fogo da terra Nascido descalço Crescido nas pedras Dormido sozinho No pó do caminho A enxada, pão magro, relento, soldado Na ponta do estio E o medo na tarde E os lobos lá longe E as asas de abutres sem cara A enxada, pão magro, relento, soldado Na ponta do estio E o medo na tarde E os lobos lá longe E as asas de abutres sem cara ♪ Os lobos e ninguém, José Luís Tinoco