Minha amada
Quando mira as estrelas
Pela miríade dos seus olhos mansos
Desperta tanto brilho, tanta beleza
Que não se perde em certezas
Só têm dança, alegria, água e amor
Eu não me sinto só na imensidão do céu
E eu não me sinto só na imensidão do céu
E eu não me sinto só na imensidão do céu
E eu não me sinto só na imensidão do céu
Minha amada
Porque sei que ela pensa em mim
E o meu peito se faz paz
E o corpo, e o corpo um vulcão
Eu não me sinto só na imensidão do céu
E eu não me sinto só na imensidão do céu
Eu não me sinto só, não, na imensidão do céu
Eu não me sinto só na imensidão, na imensidão
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Me dá um pedaço do seu amor? Só um pedaço mesmo
Não te quero inteira não, nem te quero toda, nem demais
Só aquele pedaço tosco, lascado, quebrado, fodido, moído
Caído no chão, joelho ralado, doído
O pior pedaço não, nem o mais desimportante
Que isso ia ser te pedir o melhor do avesso
Mas de melhor num quero nada
Até porque eu não tenho nada muito bom pra dar
Então me dá, se quiser, um pedaço do seu coração
Um espaço, uma brecha, uma fenda, um vão, um caco
Um caco de alguma vez que ele foi quebrado
Mas que cê nem lembra mais direito como, quando
Por quem mesmo?
É esse que eu quero
Dá pra mim esse caquinho, essa lasca, essa ruína meio gasta
Mas não velha demais que a gente possa dizer arqueologia
Nem nova demais a ponto de não ser quinquilharia
Esse caco que você jamais pensaria
Que alguém quereria pra uma coisa qualquer
Ou que valesse um poema sequer, esse retalho eu quero
Pra juntar com qualquer retalho do meu coração remendado
Embaixo de um dia besta de sol
Só colocar um do lado do outro, assim
Paradinho embaixo do sol do meio-dia
Pra deixar ainda mais banal
O zênite da mediocridade cotidiana
Do sol no meio do céu, embaixo do dia
E depois sentar pra observar como tudo, tudo mesmo
Qualquer coisa brilha sob o sol
Até um caco tosco de vidro coronário meio arranhado
Que nem a maré das lascas do meu coração
O dicionário vai chamar essa coisa pouca
Boba, pequena, comum, banal, simples, tola de amor
Os satélites, os drones, a NASA, lá do alto
Vão ver essa coisa brilhar
Fragmentos do que a gente é buscando rejunte
E até as retinas que olharem
Vão quase se manchar desse brilho fosco também
Mas de tão brilho que vai ser esse sol
Esses cacos, esse encontro, a calçada suja onde os cacos deita
A plantinha nascendo no craquelado, o concreto, a rotina
O gosto de sal do suor escorrendo pela testa
O dia quase vai deixar de ser igual por um instante ou quase
E partilhar um segundo fundo assim
É quase se dar inteira pra alguém hoje em dia
Do jeito que as coisas andam tão quebradas, né?
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