Soneto destruído Vasco Graça Moura/Custódio Castelo Talvez logo na berma de uma estrada Um par se beije transtornadamente E o destino os separe de repente Entre as duas e as três da madrugada Talvez a lua fria os desinvente E só lhes traga sombras e mais nada E por saída só lhes dê a entrada Para o túnel da noite à sua frente Talvez então as faces se desolem Talvez depois em cinza e solidão A aurora ponha um luto, talvez colem As nuvens o seu dorso rente ao chão Talvez por não ousar ninguém mereça O que viveu. Talvez não amanheça.